ATA DA QÜUINQUADRAGÉSIMA SÉTIMA  SEXTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 3019-110-1989.

 


Aos trinta dezenove dias do mês de novembrooutubro do ano de mil novecentos e oitenta e nove, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua QuadragésimaQüinquagésima Sétima Sexta Sessão Ordinária Solene da DécimaPrimeira Sessão  Legislativura Ordinária da Décima Legislatura, destinada àa entregaconcessão do Título Honorífico de Cidadãoo Emérito ao Sr. Renato Maciel de Sá Júnior, o aoconcedido através da Resolução nº 1020/89.  engenheiro Fúlvio Celso Petracco, concedido através do Projeto de Resolução n 35/85 (Proc. Nº 2604/89). Às dezessete horas e  trinta  e quatro vinte e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e  solicitou solicitou aaos Líderes de Bancada quea conduzirssem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. : Clóvis BrumIsaac Ainhorn, Vice-Segundo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, na presidência dos trabalhos desata Sessão; Sr. Renato Maciel de Sá Júnior, Homenageado; Desembargador Manoel Celeste dos Santos; Desembargador Gilberto Niderauer Corrêa, Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; Dr. Paulo Olímpio Gomes de Souza, Procurador- Geral da Justiça do Estado; Sra. Maria Cristina, esposa do Homenageado; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, e concedeu a palavra aos oradores que falariam em nome da Casa. O Vereador Leão de Medeiros, em nome das Bancadas do PDS, PT, PMDB, PTB, PSB e PL, e como autor da proposição, discorreu sobre os motivos que o levaram a tal propositura, destacando a personalidade multifacetada do Homenageado e as diversas atividades a que têm se dedistacado. Salientou o seu relacionamento amorosos com esta Capital e seu engajamento a esta comunidade. Registrou ser o Homenageado: cronista, advogado, músico, magistrado, e ter exercido o cargo de Delegado de Polícia durante dois anos e ser Presidente da Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro.; Oo Ver. Cyro Martini, em nome da Bancada do PDT, discorreu sobre o currículo do homenageado, salientando o dinamismo de suas atividades e discorrendo sobre o fato de ser esta homenagem justo reconhecimento ao “cidadão” que muito se identifica com a maneira de ser do pPorto-alegrense. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, discorreu sobre a maneira como o Homenageado descreveu e registrou fatos desta Cidade em suas crônicas. Salientou tratar esta homenagem  da formalização de uma cidadania adquirida, antes, por afeição. Em prosseguimento, o Sr. Presidente convidou os presentes a, de pé, assistirem àa entrega do Título Honorifico de Cidadão Emérito ao Sr. Renato Maciel de Sá Júnior, pelo seu filho, o Renatinho. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Renato Maciel de Sã Júnior, o qual agradeceu a homenagem prestada. Às dezoito horas e dezenove minutos o Senhorr. Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, convidando as autoridades e personalidades  presentes a passarem à Sala da Presidência e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Isaac Ainhorn e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann,Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Senhores Presidente e por mim.

 

 

 


, no exercício da Presidência dos trabalhos; Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, homenageado; Dr. Tarso Genro, Vice Prefeito de Porto Alegre; Deputado Estadual Jauri de Oliveira, Líder da Bancada do PSB na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Ver. Omar Ferri, Líder da Bancada do PSB, neste Legislativo Municipal e, na ocasião Secretário “ad hoc”; e Srs. Teresinha Petracco Grandene, irmã do Homenageado e representado os demais familiares. A seguir o Sr. Presidente manifestou-se sobre a homenagem que este Legislativo prestava e concedeu a palavra aos oradores que falariam em nome da Casa. O Ver. Leão de Medeiros, em nome da Bancada do PDS, ressaltou qualidades do homenageado, especialmente no âmbito político, profissional e pessoal. E, relatando aspecto da vida do Sr. Fúlvio Petracco, prestou suas homenagens ao mesmo. O Ver. Flávio Koutzii, em nome da Bancada do PT, manifestou sua satisfação em encontrar o homenageado, relembrando passagens de lutas empreendidas na militância política em prol das classes populares. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, do PCB, em nome do PC do B, registrou a presença de militantes do Partido Socialista Brasileiro no Plenário, em solidariedade à homenagem que é prestada por esta Casa ao Sr. Fúlvio Celso Petracco, destacando luta que há muito S. Sª  tem ensinado aos seus Partidários. Esclareceu circunstâncias que levaram S. Exª a ingressar no PSB. E, saudando o Ver. Elói Guimarães pela iniciativa da proposição, parabenizou-se com o Sr. Fúlvio Petracco. E o Ver. Elói Guimarães na condição de autor da Homenagem e em nome da Bancada do PDT, dói PTB, do PL e do PMDB, referindo princípios que presidem a outorga do Título Honorífico, ressaltando que a presente homenagem é concedida em reconhecimento ao trabalho, ao talento, à pessoa do Sr. Fúlvio Petracco, de quem destacou qualificações. Relembrou episódio protagonizado pelo homenageado quando do Movimento de Legalidade, e do Golpe de Mil Novecentos e Sessenta e Quatro, a postura política de S. Sª em campanhas eleitorais. E augurou que o Homenageado ainda muito contribuía na busca de uma sociedade mais justa. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal, que em nome do Executivo Municipal, prestou homenagem ao Sr. Fúlvio Celso Petracco. Ainda o Sr. Presidente procedeu a leitura do Texto do Título de Cidadão e concedeu a palavra ao Deputado Estadual Jauri de Oliveira, que prestou testemunho sobre a personalidade do Homenageado como dirigente partidário. Em ato contínuo, o Sr. Presidente convidou o Ver. Elói Guimarães para proceder a entrega do Título Honorifico de Cidadão Emérito ao Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, bem como aos presentes para que, em p, assistissem essa formalidade. Após, concedeu a palavra ao Homenageado, que formulou agradecimentos a todos que conviveram com S. Sª nos campos estudantis, profissional e político. E destacou a atuação política desta Câmara Municipal, expressando sua gratidão pela outorga do Título de Cidadão Emérito. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e levantou os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta minutos, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Clóvis Brum, e secretariados pelo Ver.Omar Ferri, como Secretário “ad hoc”. Do que eu Omar Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente  Ata que, lida e aprovada será assina pelo Sr. Presidente e pelo 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clóvis BrumIsaac Ainhorn): Com a palavra o Ver. Leão de Medeiros, que falará pelas Bancadas do PDS, PT, PMDB, PTB, PSB  e PL.

 

   O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Minhas sSenhoras e meus sSenhores, o início dos anos 50 marcou profundas modificações culturais e sociais em Porto Alegre, registrando-se, aqui, as alterações de comportamento semelhantes as que se verificaram não apenas em todo o Brasil, como também no resto do mundo. A sociedade emergia da Segunda Guerra Mundial, conflito que no meio do século anteciparia a modernidade.

Naqueles anos dourados pejados de esperança, a Rua da Praia ainda era a alma da Ccidade. Os cinemas regurgitavam, os cafés se multiplicavam-se, os clubes sociais começavam a abrir suas sedes e, timidamente, inauguravam-se as primeiras boates e bares noturnos. O  ápice do esplendor da Rua da Praia como centro social – e, note-se, também cívico – implicava, porém, a descentralização. O “boom” imobiliário em breve fecharia os cinemas e os cafés, as lojas sofisticadas cederiam lugar àas lojas de departamentos, os restaurantes tradicionais seriam substituídos por lancherias de atendimento rápido.

Este momento de transição exigiae um cronista, alguém que registrasse com graça, com inteligência, com perspicácia, as alterações de comportamento que transformariam a Rua da Praia em um calçadão sem calçadas e sem meios-fios. Sem calçadas, se tornou-se inviável o desfile de mulheres bonitas; sem meio-fio, acabaram-se os limites que a sociedade pPorto-alegrense impunham e que separavam severamente as moças, que só se aventuravam a percorrê-la em grupos e os magotes de rapazes insolentes que, com o pé no meio-fio, desferiram intermináveis galanteios recebidos sempre com rubor pelas meninas-moças.

Alguém teria de registrar estes momentos deliciosos da vida social de Porto Alegre. Coube ao advogado, escritor, esportista, músico e cronista que aqui aportou em 1951, e que hoje homenageamos com o Título de Cidadão Emérito, recolher o anedotário da Rua da Praia, seus modos, seus trotes, seus costumes e sua glória.

Renato Maciel de Sá Júnior, entre os seus dezesseis e vinte anos, viveu com intensidade esse período singular, participando como estudante do Anchieta e do Rosário, das greves pela meia-entrada nos cinemas, e dos reencontros nem sempre amorosos entre anchietanos e rosarianos, dorenses e cadetes nas amoráveis batalhas pelo olhar meigo das pPorto-alegrenses, em cada final de tarde.

Nos dias úteis, após as aulas, e até em gazetas fugidias, reuniram-se embevecidos os estudantes em torno dos grupos mais velhos e experimentados, egressos de aventurosos torneios no clube dos caçadores e nos “night-clubs’ da Ccidade, e que se postavam, com disciplina quase militar, defrontes das velhas sedes do Iinternacional, do Grêmio e do Cruzeiro, ou espalhavam-se no antigo reduto cívico da época do borgismo, o Largo dos Medeiros, ou do Café América, do Café Rex e da sede do Diário de Notícias.

Alguns de nossos Vereadores,. Sr. Presidente, não tiveram a oportunidade, nem a ventura, de participar destes acontecimento, eis que já a juventude invadiu esta Casa, com entusiasmo próprio desta quadra da vida e, para dizer a verdade, com a inesperada competência política. Mas, entre nossos convidados, muitos lembrarão daquelas tardes luminosas, quando o sol no poente transpassava Porto Alegre, colorindo a fachada dos últimos e devastados prédios do “fim de siécle” e da “belle époque” da Rua da Praia.

Renato Maciel de Sá Júnior, nascido em 1941, no Rio de Jjaneiro, criado em Livramento, apaixonou-se por Porto Alegre e por sua gente. Eu conheci e passei a admirá-lo nas animadas “peladas” no campinho de futebol ao lado da tradicional Farmácia Amaral,. nNa Rua Mostardeiro.

As alegres aventuras da juventude não o impediram de prosseguir seriamente os estudos, até formar-se na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Dividiu-se, nesta quadra, entre o Direito e a música. Por isso surgiu e liderou o conjunto Renato e seus Ssexteto, que animou, com sua bateria, os saudosos e inesquecíveis bailes da Reitoria. Aliás, “ o único sexteto do mundo com nove figuras”, como diz o genial saxofonista do grupo.

Já referi em outro lugar em que Renato Maciel de Sá é uma personalidade extrovertida, otimista e talentosa. Em 1963 a música cedeu espaço ao jovem Bbacharel em Direito. Os empresários disputavam os seus serviços. Entretanto, enquanto tratava de negócios na Oorganização de Seguros Livonius, surpreendentemente, ingressa na Polícia, após brilhante concurso público. Formado pela escola de Polícia, foi delegado durante dois anos, até que outros interesse o devolvessem àa advocacia. Mas permaneceu ainda vinculado à Polícia Civil. Ela não queria, não podia perdêe-lo. Durante onze anos representou os advogados ndo Conselho Superior de Polícia, onde tive a honra de reencontrá-lo. Ao mesmo tempo tratou da Riocell, da qual foi Ddiretor. Integrou-se na subsidiária de seguros do Banco Sulbrasileiro e ainda se encontra no atual Banco Meridional. Nas horas vagas, porque sempre há horas vagas para pessoas inteligentes, sagrou-se campeão estadual de “Kempô”, arte marcial da qual é faixa preta, e exerceu cargo de Ddiretor da Federação Gaúcha de Pugilismo.

Foi, ainda, chefe da área jurídica do Grupo Maisonave,, e advogado da Brahma e do Banco do Comércio, sem descuidar de sua própria banca.

A música, de vez em quando, impunha o seu reinado e uma recaída. Reorganizou seu conjunto em 1978, em de 1979 a 1984, foi jurado de bateria dos desfiles das escolas de Samba no Carnaval de Porto Alegre. E desde 1988 é o Presidente do Conselho da Oorquestra de Câmara do Teatro São Pedro.

Como se vê, Sr. Presidente não exagero nada quando qualifico nosso homenageado de febril e torrentoso.

Em cada uma dessas atividades,  Renato Maciel de Sá Júnior, conquistou novos amigos, ampliou o círculo de relações e tomou conhecimento dos fatos do dia a dia, da vida cotidiana da Ccidade, aparentemente calma, que é Porto Alegre. Deste amoroso relacionamento com a nossa Ccidade e da observacração diuturna da vida social gaúcha, recolheu os subsídios que iriam, afinal, transformar-se em livros de crônicas, nos quais lembra o espírito penetrante de Aquiles Porto Alegre, nosso cronista do final do século XIX19 e do primeiro quartel deste século. A mordacidade nada deve aàs mais causticantes, embora sempre gentis crônicas de Álvaro Moreira, do qual seguiu o exemplo: “As amargas, não...”. E a alegria transbordante, e a cultura geral qualificam-no como herdeiro direto do elegante e perspicaz, Athos Damasceno Ferreira. Contou todas as piadas de Porto Alegre em três livros, mas respeitou a dignidade até do mais desafortunado.: Aa frase é sua: Amigo não é o que enxuga, mas o que impede a lágrima”.

Mais apaixonado por Porto Alegre do que guri por solteirona”, que é outra frase sua, publicou em 1981 o primeiro “Anedotário da Rua da Ppraia”, que já vai hoje na oitava edição. Em 1982 e 1983 lançou mais dois volumes do “Anedotário” que chegam a sexta e a quarta edições. É um dos autores Pporto-alegrenses – adotivo, mas a partir de hoje emérito – mais publicados. E vou até cometer a indiscrição de dizer que está preparando para breve um livro de histórias infantis. É no trato da literatura que se sente particularmente feliz, ou segundo outra de suas frases, “faceiro como gordo em camiseta”. Nem poderia ser diferente, para quem foi campeão absoluto  no lançamento de suas obras na Feira do Livro, em três anos consecutivos.

Estava a produzir um programa matinal na Rádio Gaúcha em 1984, sobre histórias pitorescas da Ccidade, quando foi indicado como juiz suplente, e hoje, titular,, do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. Na qualidade de magistrado, paraninfou o Prefeito e todos os atuais Vereadores desta Casa. Lá cintila o fulgor da sua integridade e a solidez de sua noção de justiça!

Não hesito, Sr. Presidente, em afirmar que Renato Maciel de Sá Júnior, mais do que um nome, é uma instituição. Quando Ddiretor da Riocell, para tratar de sua nacionalização, iniciou o sistema de patrocínio anual desta empresa a escritores, poetas e músicos exclusivamente gaúchos.

Registro todas essas intensas e extensas atividades para descobrir-lhe os motivos do sucesso quando partiu para a difícil escalada como escritor. Na verdade, nem tão difícil para ele, senhor do segredo da condição humana, mercê de tantas e tão vibrantes e inesperadas atividades.

Devo, também, fazer justiça. É preciso estender esta homenagem à sua esposa, Maria Cristina, e seus três filhos, Isabella, Fabiana, e o pequeno Renatinho.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores,. cCerta vez, tive eu o privilégio de também receber desta Casa galardão semelhante. Na ocasião tomei do Professor Raul Cauduro uma frase usada por ele em cerimônia igual: Queira a Deus que um dia possa merecer, por obra, àquilo que acabais de me conferir por graças”.

Pois digo ao meu caro amigo Renato Maciel de Sá Júnior: Porto Alegre, através de sua Câmara Municipal, expressão lídima e democrática de seu povo, portanto, a sua própria voz, concede-lhe a cidadania por merecimento, e o acolhe como filho emérito pela imensa obra de sua vida, tão cheia de graça que sua bondade não resistiu e dividiu conosco, fazendo-a retornar à categoria de “Cidade Sorriso”.

Sorriso que Renato conseguiu, por graça de sua obra, e obra de sua graça, colocar nos lábios e no coração de todos nós.

Sr. Presidente, Srs.a. Vereadores,. sSe o “Coronel” fosse vivo e Vereador, teria a iniciativa de apresentar este Pprojeto de Llei: Art. 1º - Aa partir de 1951, no Município de Porto Alegre, fica proibido não admitir Renato Maciel de São Júnior. Art. 2º  - Revogam-se as disposições em contrário. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini, pelo PDT.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Para nós, na qualidade, de representantes do Partido Democrático Trabalhista, é uma oportunidade de honra poder fazer uso desta tribuna, e vir homenagear alguém que já o foi, praticamente, eis que esta seleta platéia é uma homenagem, apenas por si. Já não precisaríamos, portanto, dizer mais nada, porque já estaria homenageado. Há representantes dos segmentos culturais e esportivos de toda a sorte entre nós. Há, também, das classes econômicas e do serviço público no qual ele se integrou, nas quais ele ainda se integra. Então, isto já seria o motivo de alegria e de satisfação para nós, porque é reconhecido pelos seus amigos, porque os seus amigos o tem em alta conta e vem aqui, também, dar-lhe um abraço.

Mas, quis a Câmara, através da proposição do Ver. Leão de Medeiros, que a homenagem fosse formalizada num ato como este, no qual é reconhecida a qualidade de Cidadão Emérito a Renato Maciel de Sá Júnior. E esta é uma obrigação, é um dever que nós cumprimos, com toda a alegria, com toda a satisfação porque é  um ato de grandeza para nós, e é um ato de justiça, por isso nós nos sentimos engrandecidos. Noós sentimos melhores porque temos a oportunidade de conviver, de sentir de perto a expressão maior, que é Renato Maciel Sá Júnior. Vejam que a sua vida se caracterizou-se por aspectos, por facetas as mais diversificadas. É, sem dúvida, embora, não natural de Porto Alegre, um representante clássico, típico da década de 40, da década de 60 e das atuais décadas de Porto Alegre. Suas expressões são as expressões de Porto Alegre, sua maneira de dizer se identifica com a alma da gente de Porto Alegre. Não é uma maneira de dizer do brasileiro ou do sul-rio-grandense, mas é aquela própria dos bairros de Porto Alegre, é aquela própria do centro de Porto Alegre., Ee isso para nós já é motivo, também, de enaltecimento, porque temos a oportunidade de termos, aqui, alguém que é com toda a honra, para nós, reconhecido como Cidadão Emérito de Porto Alegre, porque ele, embora não pPorto-alegrense, soube pinçchar na maneira de ser do pPorto-alegrense, nas suas formas peculiares de manifestar-se, de expressar-se. Isso é muito importante. A segurança foi honrada através do seu serviço prestado à polícia civil,; quer na qualidade de Ddelegado, quer como membro do Conselho Superior de Polícia onde soube distribuir, como equanimidade e justiça a boa disciplina dentro daquela organização.

Vejam que a razão que o levou a afastar-se daquela organização não foi o seu apreço, a sua dedicação a ela, mas sim esta razão que tem levado ao Estado e, principalmente, à Polícia Civil, a perder muitos dos seus melhores que é, lamentavelmente sou obrigado a dizer, para vocês, para os amigos aqui presentes – o vencimento, a remuneração, evidentemente não condiz. Vejam os senhores e as senhoras, se nós teríamos condições de, com salário baixo, ter no nosso quadro uma figura expressiva como o Renato! É lastimável, choramos esta mágoa profunda, embora não tenhamos por ela culpa, guardada no nosso peito. O direito, a justiça, também encontram apoio e respaldo na figura brilhante, no exercício da democracia de uma parte, e no exercício junto à Justiça Eleitoral, de Renato Maciel. Lá também ele colocou, e tem colocado o seu esforço, o seu empenho, a sua verdade, a sua justiça, em favor daquilo que, hoje, para nós é extremamente caro, que é a Justiça Eleitoral, em busca de uma melhor sorte, para nós pPorto-alegrense, para nós sul-rio-grandense, para nós brasileiros, através de um reino onde impere a verdade, onde impere a justiça.

Aí temos o caminho através do qual, ou um dos caminhos pelos quais nós chegaremos à glória e àá redenção que nós esperamos para este País pujante, rico, e estão aí mostrando homens brilhantes como a figura do Renato, que nos deixam boquiabertos por não termos ainda alcançado aquela dimensão, que sem dúvida, temos direito a ela. O belo, a arte, também encontrou na figura, na personalidade de Renato Maciel um apoio muito expressivo através da arte da música. Vejam quão complexa, e quão significativa e expressiva nas suas diversas modalidades, em busca de valores axiológicos de toda a sorte, é a figura de Renato Maciel. Mas ele é um homem simples, é um homem modesto, é um homem humilde e, basta olhar para ele e nós estamos vendo a singeleza, a sua maneira de ser tranqüila e serena e não poderia estar mais perto do povo, da allama deste povo sofrido, das plagas de Porto Alegre, ou, de um modo geral, do Brasil. E lá estava ele, também, junto com seu povo, na prática do esporte, esporte do Kempô e outras modalidades onde, além de praticá-los, ainda levou a sua ajuda.

Então, para nós, do Partido Democrático Trabalhista, falar numa oportunidade como esta, em que uma homenagem é prestada a alguém, com toda a honra para esta Casa, com toda a justiça em função do reconhecimento a um personagem ilustre e merecedor, esse título, para nós, , sem dúvida, é um motivo de grande alegria e satisfação. E nós esperamos que Deus, lá de cima, nos possibilita mais ainda usufruir do talento, do esplendor, do vigor e da figura expressiva em favor de nós, pobres mortais, que não temos tanto brilho, e tanta expressão nos diversos campos como tem o Renato Maciel. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, pelo PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigos do homenageado e amigos desta Casa.

Visto-me de ousadia, para vir a esta tribuna, na tarde de hoje, saudar o Dr. Renato como novo membro da confraria oficial da cidadania pPorto-alegrense. Relendo, há dias, o seu anedotário, me lembrei que no seu retrospecto da vida da Cidade de 30/40/50, anos atrás, muitos de nós que vivemos aquele tempo, que vivemos ali retratada, até participando de certos episódios que ali são contados, e nos vêm naturalmente ao pensamento a pergunta: mudamos nós, mudou a Cidade?. Creio que a resposta é ambivalente:, nós mudamos, e a  Cidade mudou.; Nnão é mais aquela Porto Alegre, que conhecemos na década de 50 ou 60, se alterou profundamente, é uma Cidade mais nervosa,; é uma Cidade que perdeu as características mais humanas, mais próximas do homem que aqui vivia. Quem freqüentava a Rua da Praia conhecia as pessoas pelo nome, os colegas de colégio, da faculdade, do trabalho. A Praça da Alfândega era diferente do que é hoje, os bondes ainda andavam ao seu redor, os cinemas, os cafés! Então, a Cidade mudou! Para felicidade de Porto Alegre, ancorou nesta Cidade o Dr. Renato Maciel de Sá Júnior, e escreveu, retratou uma linguagem singular, carinhosa, amorosa, aquela Porto Alegre daquelea tempo. E fico a me perguntar se não estaremos como intrusos, hoje, aqui, nesta sala interferindo nesta relação amorosa do Dr. Renato com a Cidade, mas também me respondo o que é preciso passar a chancela oficial deste casamento e para isto estamos aqui,  em nome da Cidade, subscrevendo o ato formal de cidadania do Dr. Rena to Maciel de Júnior. Esta Casa tem, muitas vezes, prestado essa homenagem a seus filhos de outras plagas que vieram enriquecer a vida da Cidade, e hoje noós sentimos profundamente agradecidos porque estamos prestando essa homenagem a um filho muito ilustre que, hoje, adquire a cidadania efetivas de Porto Alegre, tendo, já, adquirido, anteriormente, por afeição. Essa personalidade multifacética nos deixa sumamente honrados em tê-los conosco. Porto Alegre passa a contar, a partir de hoje, na galeria dos seus Ccidadãos Eméritos, com um nome desse potencial, sobre tudo humano, numa época em que o humanismo, em que a humanidade está sendo cada vez mais escassa. Este reconhecimento devemos ao Dr. Renato, e o Oxalá Porto Alegre continue usufruindo desta carinhosa companhia por muito tempo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Dentro desta solenidade de concessão de título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Renato Maciel de Sá Júnior, agora é o momento da outorga do título de cidadania ao nosso mais novo Cidadão Emérito de Porto Alegre.

Portanto, convidamos o seu filho Renatinho, que viesse fazer a entrega do título ao seu pai.

 Pedimos a todos que assistam, em pé, à entrega.

 

(É feita a entrega do Diploma.) (Palmas.)

Pedimos a todos que assistam, em pé, à entrega.

 

 

(É feita a entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agora, com a palavra, o nosso homenageado.

 

O SR. RENATO MACIEL DE SÁ JÚNIOR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sSenhoras e sSenhores. No princípio de 1951, quando vim estudar no Colégio Anchieta, da Duque de Caxias, e morar no edifíicio do Clube do Comércio, na Praça da Alfândega, Getúlio Vargas recém assumia a Presidência e junto o Rio Grande se revitalizava. Porto Alegre ainda cogitava quem incendiara o Colégio Júlio de Castilhos, a Central de Polícia e o Ppalácio da Justiça. A Cidade era ainda relativamente pequena e seus extremos urbanos mais ou menos coincidindo com os finais de suas linhas de bonde: Auxiliadora, Glória, Navegantes, Gasômetro, Floresta, Menino Deus, Vila IAPI, Azenha, Petrópolis.

Quando relembro essa que ainda não era a “Grande Porto Alegre”, penso nos pôsters famosos de Steinberg sobre a Nova Iorque, nos quais além de pintá-la como o centro do seu mundo, escreveu ele os nomes dos lugares próximos e distantes que circundavam a paisagem do seu ambiente.

Nesse “pôster” daquela Porto Alegre, o melhor ângulo seria o de quem olhasse a Praça da Alfândega desde o largo, (que naquele ano, por iniciativa do saudoso Josué Guimarães, então Vereador, passou as chamar-se “dos Medeiros” para homenagear os irmãos proprietários da Confeitara Central e anular, através de nome de som parecido a denominação cChula que o povo dispensava ao local, em razão de grande número de achacadores e gente mal de vida que parasitava os ricos e poderosos que se reuniam ali.) No horizonte sul e longínquo do “pôster” escrever-se-iam “campanha”, “fronteira” e, mais além “Buenos Aires”, ao lado de “Montevidéu”, registrando a influência dos castelhanos na cultura local: cinema, língua, publicação culinária, hábitos, estilo de vida, e até música, sustentando muitos até hoje ser clara a presença portenha na obra de Lupicínio Rodrigues.

Mais aquéem, cada vez mais vez próximos da praça, a Ponta do Gasômetro, sem nenhum aterro (no local deste prédio onde estamos havia o Guaíba), a zona dos quartéis, os prostíbulos da 7 de Setembro e na Rua dDa Praia, o Bar Farolito, dos intelectuais, do China Gorda e do Joãozinho da Bahia, (que para a bossa nova chamou-se, depois, de João Gilberto. )

Ao redor da Praça, além dos bondes, o Mateus do Restaurante Griloso, os cinemas Rio, Imperial, Rei e Central faziam a atração principal. Depois, os bilhares, o Cine Ópera, o Vitória, o Marabá e no nosso eterno Carlinhos.

O Largo era o coração da Rua da Praia, que literalmente concentrava uma Ccidade cujos bairros não tinham qualquer autonomia. A solução era a classe média colocar seu terno cinza, chapéu, gravata escura e vir participar do “footing” das elegantes. Ah! O cCentro de estacionamento fácil, em que se podia esquecer dea chavear o carro!

Dando vida ao ambiente, os deslocamentos rápidos do Oddone Greco, Tucha, Dr. Barbosa, do Fama e do Renato.

Voando baixo, Vicente, do Carnaval, e nos ares além dos aviões de carreira, os estonteantes arranha-céus, o Sulacap e o União, de onde os “zumgptize”, artistas, partiam para eletrizar a multidão silenciosa e enregelada.

A oeste, a Doca das Frutas e a Estação de Trens;. aAo Norte, a Livraria do Globo e a Galeria Chaves. Para os mais radicais, o limite da Cidade ficava na Mal. Floriano. Além desse ponto, defendiam eles, passava a ser interior do Estado.

Ao longe, muito longe, a Vila Manresa, o Morro do Sabiá, a Fonte do Gravataí e o Aeroporto São João, dito “da Varig”. Mais próximos, os Eucaliptos, a Baixada e o Prado. E a meio-caminho das estradas poeirentas das praias, com suas travessias de balsa, os sonhos de Santo Antônio...

O Auditório Araújo Viana ficava na praça da Matriz, onde, uma noite, durante a execução do “1812, de Tchaikowski, os estampidos dos canhões assustaram muita gente nos cinemas, fazendo-as ir para casa mais cedo, com receio de mais uma das várias revoluções que nunca aconteceram. É bem verdade que a memória é bondosa e desbasta os maus momentos, as circunstâncias tristes; mas, se ela se dissolve, o homem também.

Não me parece sábio escrever a Porto Alegre de hoje. Todos a sabemos. Deixemos que outro apaixonado seu, no futuro, a pinte em policromia alegre, esquecendo quaisquer tons escuros ou trágicos.

Vejo, aqui, amigos do Colégio Anchieta, da Praça e do Bar do Júlio, do Colégio Rosário, do fFutebol, da Faculdade de Direito da UFRGS, do Conjunto Renato e seu Sexteto, da Polícia, da Advocacia colegas e magistrados, cClientes, Conselho Superior de Polícia, do Banco, do Kempô, da Riocell, da Seguradora, da turma dos almoços da sextas-feiras, do Hospital Moinhos de Vento, a quem não perdôo por não me ter concedido, em 1984, o título de sócio-atleta – bem , bem que eu mereci, os Editores dos meus livros, meu médico, a Rádio Gaúcha da qual fui locutor comentarista. Uma experiência pessoal muito curta, muito pequena, mas extremamente enriquecedora, honrosa. O pessoal do Carnaval, e aqui minha saudação à comunidade negra no encerramento da semana comemorativa do Zumbi dos Palmares. Pessoal da Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, e muito especialmente aos meus queridos colegas e amigos do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. Agradeço a presença de todos e queridos amigos, tantos que são, tendo à frente minha mulher Maria Cristina, os meus filhos Isabella, Fabiana e Renato. Faço referência expressa e cito o nome de um amigo que sempre foi um completo cavalheiro na acepção mais rigorosa da palavra que já avisara que aqui estaria hoje, mas que não veio. Refiro-me àa figura marcante, fidalga, e carismática de José Faria Rosa da Silva. Agradeço, também, comovido, a inesquecível homenagem que é feita pela Câmara Municipal, de iniciativa do Ver. José Leão de Medeiros, pessoa a quem dedico a maior admiração e velha amizade, como já dedicara a seu pai, o saudoso Dr. Poti Medeiros, pai e filho pertencendo a uma das sólidas e marcantes estirpes familiares do sul, embora oriunda no Norte. Obrigado pelas palavras carinhosas do eminente Vereador, querido colega da Polícia do Cyro Martini. A homenagem da sua Bancada me deixou profundamente emocionado. Quero também agradecer a este homem que conhece Porto Alegre e como poucos, meu caro amigo Ver. Lauro Hagemann, que foi portador de uma homenagem tocante do seu PCB. Quero também agradecer o eminente Presidente em exercício desta Câmara Municipal, o Ver. Isaac Ainhorn, por todas as gentilezas que fui alvo.

Em Porto Alegre nasceram minha mulher e meus filhos. Aqui viveram os meus pais. Esta se tornou-se, agora, definitivamente, o que sempre foi desde que conheci e sempre será: a minha Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

Está com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros, pela Bancada do PDS.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Meus Senhores e minhas Senhoras. Nada mais agradável em exaltar em meu nome pessoal e da Bancada do PDS as virtudes do homem de bem sobretudo quando, na atividade política, o homenageado se situa em terreno diverso do orador, não raro a ele oposto. Pois se no elogio do correligionário pode surgir e permanecer a dúvida quanto a autenticidade do louvo, talvez mais inspirado na irmandade de convicções que  o mérito real, no tributo prestado aos militantes de outras grei a homenagem brota sincera, proclamando a satisfação de reconhecer que as divergências não elidem o reconhecimento do mérito que comunica dignidade e valor ao próprio antagonismo das idéias.

Assim é o homenageado de hoje na meritória iniciativa do Ver. Elói Guimarães. Firme nas suas convicções, pugnaz nas atitudes, brilhante no pensamento e na palavra, íntegro na conduta e, sobretudo, elegante no trato dos opositores, que com ele, sabe afastar do plano pessoal a divergência das idéias.

Na realidade, são duas as imagens que ostenta, numa combinação rara e difícil: Petracco, o político atuante e Petracco, engenheiro destacado. Com o mesmo empenho que se põe a analisar a realidade social e política, com a mesma percuciente capacidade analítica que mobiliza no debate do Estado, da Sociedade e da Nação, logrou construir uma das mais sólidas reputações profissionais no cenário local e nacional, de engenheiro especializado em, tecnologia da energia e sua conservação, estabelecido com escritório em Porto Alegre e Pernambuco. No cenário local, afora inúmeros profissionais de arquitetura que se socorrem de seu assessoramento no projeto, conta entre seus clientes com algumas das grandes empresas locais como os grupos Gerdau, Zafarri e Do Sul; no âmbito nacional, tem projetos executados em Pernambuco, no Pará, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro em São Paulo; já ultrapassa os limites no Brasil, ao negociar recentemente, na Alemanha, o “Know-how” de um de seus projetos de refreadores evaporativos.

Como empresário, é responsável técnico, diretor e acionistas de uma empresa especializada em cordoaria pesada para atração de navios, sediada em São Leopoldo, exportando regularmente para as nações que exploram o petróleo do Mar Norte, para a Grécia, a Holanda, o Chile, Cingapura, a Índia, a Itália e a Inglaterra, em acirrada disputa com a concorrência internacional, que vem enfrentando com alta qualidade de seu produto, o qual tem reiteradamente superado recordes mundiais de resistência, medida em número atrações de grandes navios, a que o cabo resiste incólume.

Nascido em Passo fundo, tem origens italianas e espanholas. Seu avô paterno, João Baptista Petracco nasceu em San Vito de Tagliamento, nas proximidades de Udine, na Itália Setentrional; sua mãe, Argentina, descendida de espanhóis e guaranis. É, pois, na etnia,  a síntese do Rio Grande do Sul.

Nosso homenageado é um homem profundamente marcado pe educação que recebeu influenciado pelos mestres que encontrou: guarda, com grande carinho, a figura marcante do seu curso primário, no Grupo Escolar Protásio Alves, em Passo Fundo – a Diretora – que até hoje visita – D. Maria Súria Dipp, a qual, ainda fazendo as vezes de segunda mãe e preceptora, escreveu-lhe uma carta, em 1986, que guarda como um documento maiôs valioso de sua vida, pelo que contém de sábio e de comovente.

Em Porto Alegre, no colégio Nossa Senhora das Dores, encontrou na figura admirável do Irmão Bento, o impulso para os livros, que não mais o deixou, a  partir da obra de José Ingenieros, em “As Forças Morais” e o “O Homem Medíocre”. No Colégio Júlio de Castilhos encontrou,, no Mestre de Química, Abílio Azambuja, outro alicerce de seu futuro perfil de engenheiro. Ingressou no Curso de Engenharia Mecânica e Elétrica, da Escola de Engenharia da UFRGS, lá privando com os educadores notáveis, como Alquindar Pedroso e David Mesquita da Cunha e, também mercê de sua presença na política estudantil, cosntg5uinbdo grande apreço e admiração pela figura extraordinária que foi o Reitor Elyseu Paglioli. Mas, curiosamente, atribui sua inclinação para a área de energia de um mestre da matéria mias próxima da Engenharia Civil  - o Professor Luiz Duarte Viana, cujo enfoque sobre a estabilidade das construções, a partir do conceito do trabalho virtual, de alguma forma levou o jovem Mecânico e Eletricista a sintetizar sua visão no programa de energia.

Diplomado, ingressou, em 1963, por concurso, nos quadros da Petrobrás e prosseguir, ao mesmo tempo, na militância política que iniciava no ciclo secundário de sua educação. Segundo diz, com o humor fino que põe até mesmo em sua auto avaliações, ingressou na política instado a “combater os comunistas”, mas acabou contaminando-se ao menos de uma forma atenuada de vírus...

No ano de 1964 o colhe Suplente de Deputado Estadual pelo PDS. Cassado logo em abril de 1964, só vai ter seus direitos políticos restabelecidos pela anistia de 1979. Atravessou com coragem e convicção os anos de provação, talvez porque, ao olhar para este passado, não veja o que censurar-se, sabedor de que arrostou com dignidade os tempos adversos e usou a experiência para agradecer-se sem ressentimentos e sem ódios, granjeando o respeito e admiração até mesmo de muitos adversários. Afastado da política, voltou-se integralmente para sua outra paixão, permitindo que, de sua inteligência e labor, surgisse o grande engenheiro em que se transformou (o que segundo um de seus antigos mestres na escola der Engenharia não deixa de seu um mérito indireto a crédito dos que o baniram temporariamente da distração política, prejudicial aos desígnios de engenheiro que bradava por emergir de sua complexa e agitada personalidade...)

Porto Alegre, ilustre engenheiro, o faz neste momento, Cidadão Emérito. Nesta distinção está, mais o projeto ao profissional ilustre, mais que o tributo ao político coerente e fiel às suas convicções. Está o reconhecimento daquilo que foi reconhecido daquilo que foi retirado no início desta palavras: a grandeza do homem de bem, que sobrepujou a adversidade abrindo, com coragem e dignidade, novos rumos para a sua vida, sem permitir que o veneno do ressentimento o limitasse no mesquinho realimentar do ódio que é uma desculpa para  a paralisia e o medo! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio koutzii, que falará em nome da Bancada do PT.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Não poderia começar sem registrar, porque acho que é uma pequena singularidade, neste momento,e  um dos prazeres da vida, que são esses reencontros e estas situações. Eu também fui da FEURGS, na época em que tu começavas a liderar um movimento estudantil combativo-nacionalista e corajoso e que enfrentou, sob a inspiração e a liderança de Petracco, nos anos de 1964 e das lutas da legalidade. Me parece que faz muito tempo, e, ao mesmo tempo, que faz pouco tempo, porque, em parte, a cassação das nossas vidas, as obstrução dos caminhos dos democratas, dos homens e mulheres de esquerda neste País, nos permite, recém nesta década, assumir, publicamente e plenamente, a potencialidade de nosso sonhos, de nossa capacidade de trabalho e de nossa capacidade de luta. Acho que a intervenção do Ver. Leão de Medeiros, que me antecedeu, foi muito precisa e adequada, tanto quanto refez e recontou a biografia, pessoal e profissional, do Petracco, quanto, de forma muito honrada e elevada, distingui-se a diferença ideológica que realmente existe entre homens que hoje se definem e no passado também, em terrenos opostos nas vias e nos caminhos da construção deste País. É uma demonstração de respeito e é uma demonstração de lucidez. Mas eu quero falar como irmão de esquerda. Quero falar com aquele que representa o partido dos Trabalhadores nesta cerimônia, que é um dos resultados dos nossos comuns esforços, das nossas lutas e de momentos muitos difíceis; e ressaltar que o que é justamente singular, o que talvez seja o que mais possa-nos emocionar e dar relevo às cerimônias que as vezes são um pouco formais, é isto que não acontece todos os dias, é o reconhecimento gradual, incontestável dos méritos de quem mérito e não mais da seleção dos que tem mérito apenas quando estão num campo determinado da posição social. Para nós é uma honra e uma satisfação, um momento de fraternidade trazer a palavra do Partido dos Trabalhadores, de reconhecimento da trajetória de Fúlvio Petracco e de, fundamentalmente, destacar o que é evidente, que o que se reconhece nele é o caminho feito, como militante do povo. Ele foi e é engenheiro, mas entendemos que foi e é e será sempre, um lutador das causas populares. Esta grandeza, este esforço e esta generosidade é que são, no nosso entender, o que principalmente se reconhece hoje. . E quando a Cidade começa a reconhecer isto, através da sua representação política que somos nós, significa que ele agrega, ao universos dos seus valores, na identificação do que é importante, o mérito doas caminhos feitos, o mérito do caminho que tu fizeste. É isto que se reconhece aqui, é isto que a Bancada do Partido dos Trabalhadores saúda, através da nossa intervenção nesta tribuna e é neste abraço que nós queremos te estender, Patracco, nosso companheiro. Sou grato. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, pelo PDS, pelo PCB e pelo PC do B.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Ver. Clóvis Brum, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Tarso Genro, Vice- Prefeito da Cidade; Engenheiro Fúlvio Petracco, nosso querido homenageado; excelentíssimo Deputado Jauri de Oliveira, Líder da Bancada do PSb na Assembléia Legislativa; Srs. Terezinha Petracco Grandene, irmã do nosso homenageado e representante dos demais familiares; Srs. Vereadores aqui presentes; minhas Senhoras, meus Senhores e de um modo especial e com muita satisfação aos companheiros do PSB, cuja militância em sua quase totalidade veio trazer os eu abraço a sua saudação e a sua solidariedade àquele que simboliza o que significa e dá forma e conteúdo ao próprio Partido no Rio grande do Sul, Sr. Fúlvio Celso Petracco. Eu não sei se é fácil ou difícil dirigir algumas palavras nesta tarde ensolarada, nesta solenidade que para nós toca profundamente o âmago de nossos corações. Porque par anos do Partido Socialista o Petracco realmente simboliza o próprio Partido no Rio Grande do Sul. Muitas vezes tem pessoas que fazem confusão com o PDS e se referindo Amim dizem – tu é do PSDB do partido do Petracco – a aí as cosias se esclarecem. Mas, a homenagem é acima de tudo a um Engenheiro competente, a um profissional brilhante e a um homem condutor e de uma postura ideológica sem par em nosso Estado. Eu digo sem par porque são dezenas de anos que o Petracco vem magistralmente nas lutas em favor da nacionalidade Brasileira.

Então me parece que aí está maior lição do Petracco para todos nós. E eu até falo com muita tranqüilidade, razão porque agora vou fazer um esclarecimento, Petracco, a ti,, ao público, ao dizer que eu vinha registrando até os dias de hoje mas acho que este é o momento solene, este é o momento que eu devo te agradecer na medida exata de tua grandeza. Eu resisti a entrada no PSB, por causa da imagem de certa gente que te apontava como autoritário dentro do Partido, eu vinha resistindo, eu inclusive já vinha colaborando com o Partido, mas não assinava ficha. E de repente por estas contingências da vida eu devo a assinatura da ficha de filiação a um grande irmão e companheiro nosso que infelizmente hoje não se em contra aqui, que é o Dr. Bruno Mendonça Costa. E passei a conviver contigo dentro do Partido e posso dizer tranqüilamente, de público, que eu não sei muitas vezes se constrói imagens diferentes do próprio sentimento e do próprio comportamento de uma pessoa. E esta foi a tua imagem durante algum tempo, Petracco: O autoritário. Não sei como é e porquê,s e durante todas as reuniões deste último ano e meio que eu convivo com a direção Partidária, em nenhuma vez eu assisti que tu tivesse tomado uma atitude fora do contexto e do consenso de todos nós. O SR. PRESIDENTE: A

À Casa agradece a presença dos Senhoresrs. Convidados e dá por encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

 

 

 

 

 

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h1934min.)

 

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